terça-feira, 14 de julho de 2015

Projeto Portadores do Ritmo



Projeto Portadores do Ritmo - é um programa social de inclusão, dirigido às pessoas portadoras de necessidades especiais, sejam elas física, visual, cerebral ou com dificuldades de movimento socioambiental. Comandado por Andre Dias Vieira da Gama, o Andrezão, carioca, de Del Castilho, com 41 anos. O Projeto Portadores do Ritmo, está em sua melhor fase, completa 10 anos.

Exalando afeto quando defende sua “cria”, Andrezão contagia logo de cara “É o trabalho da minha vida. Estão comigo há 10 anos e tudo que fazemos e realizamos, tem o mesmo amor e carinho, nunca vi lealdade maior, são minhas eternas crianças”.


A festa pretende se tornar mensal, a intenção é mostrar a evolução desses 10 anos e apresentar ao púbico esse trabalho. “Além de promover inclusão social através da música, tornando a vida mais saudável pra todos nós, ainda proporcionamos a alegria dos pais e parentes, que vendo sua prole em ação, não tem como não se emocionar e se aproximar deles, o que na verdade é o que eles mais precisam: se sentir fazendo parte! Mostrar que a pessoa portadora tem um olhar e atitudes...”, vibra Andrezão.


Um trabalho árduo, mas compensador, através do projeto, “suas crianças” já se apresentaram na UERJ, BNDS, Cidade da Criança, Rádio Nacional, UFRJ, Arcos da Lapa, Bienal da UNI, MAM, festas corporativas, entre outros espaços. “O projeto nunca foi patrocinado ou beneficiado, todas as pessoas atendidas sempre tiveram todo o material doados por mim, o que torna muito mais compensador ter esse resultado”, atesta Andrezão.


No repertório, clássicos de Pixinguinha, com “Carinhoso”, “Hino Nacional”, de Joaquim Duque-Estrada, “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga, “Trem das Onze”, Adoniran Barbosa, passando por “Xodó de Mim”, de Dominquinhos e Gil, “Testamento de Partideiro”, de Candeia, entre outros.

Hoje, o projeto conta a supervisão de Heloísa Dias, mãe e parceira dessa ideologia. A pedagoga conta com ajuda de uns 5 pais e amigos nessa empreitada. Além, claro, do espaço cedido pelo Fórum de Ciências e Cultura da UFRJ, no Flamengo, onde acontecem as aulas semanais e gratuitas, todas as sextas, das 10h às 12h. Envolve um professor e um auxiliar. Já passaram pelo projeto mais de 100 crianças, meninos e meninas com idades entre 7 e 40 anos. E agora mantém 15 portadores de necessidades especiais.


“Hoje, mantenho com essa base, só tenho 15 crianças, pois não dá pra manter mais, abrir pra outras, tenho até fila de espera, mas sem apoio fica impossível, precisamos de recursos humano e materiais, conto com minha mãe e pais de alunos”, sentencia Andrezão.


A trajetória - como o próprio nome diz, o projeto trabalha a atividade musical, essencialmente a percussão, concomitante às atividades físico esportiva; a primeira no sentido de desenvolver a sensibilidade musical, a musicalidade do próprio corpo e a capacidade dos alunos portadores de produzirem sua música, seus ritmos e sua operacionalidade. A segunda se presta a desenvolver a capacidade física, a motricidade, a elasticidade e o crescimento social através do trabalho em equipe.


O projeto teve inicio na prefeitura do Rio de janeiro em 2004, passou pela AMAL - Associação dos Moradores e Amigos de Laranjeiras em 2005, pela Maracatu Brasil, escola de percussão em Laranjeira, do Barão Vermelho: Guto Goffi, nos anos 2006, 2007 e 2008, e criou asas, foi aplicado por Andrezão em aulas e oficinas na Dinamarca, Espanha, França, Suécia, Holanda e Alemanha, de 2008 a 2013, no IPCN, do Rio de Janeiro em 2014.


Para atestar a importância e a necessidade dessa iniciativa, o projeto criou uma banda permanente – Banda Portadores do Ritmo. O trabalho com música deve considerar, que é um meio de expressão e forma de conhecimento acessível. A linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social.


A música - como elemento transformador - Educar na música é trabalhar e estimular as sensibilidades, que são atributos essenciais das artes. O contato com a cultura musical desde muito cedo e, assim, começam a aprender suas tradições musicais. Ao brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as crianças também se apropriam do repertório da cultura corporal na qual estão inseridas. Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical, além de atenderem às necessidades de expressão que passam pelas esferas afetiva, estética e cognitiva. Aprender música significa integrar experiências que envolvem a vivência, a percepção e a reflexão, encaminhando-as para níveis cada vez mais elaborados.


O mentor - Andrezão, carinhosa ganhou esse apelido, pelo Mestre Ouro (do Salgueiro, Mestre é irmão de Almir Guineto), foi batizado por ostentar seus 1,90m... é músico percussionista, acumula gravações e shows com Serjão Lorosa, Almir Guineto, Luiz Carlos da Vila e outros. Têm participações e gravações em CDs de Jazz e na Europa, CD do produtor inglês Med (professor em Londres), que veio ao Brasil produzir DVD do Natiruts, participou do DVD de Beth Carvalho, dos 40 anos no Teatro Municipal, tem a honra de ser afilhado do grupo Fundo de Quintal, com passagem no Cacique de Ramos, que gerou o DVD Raça Brasileira (Som Livre).


André estudou ensino médio na Escola Waldorf, de 83 a 88 (Ensino de Rudolf Steiner, método alemão que já na década de 80, proporcionou a convivência e interação com pessoas portadoras de deficiências). Interagiu com projetos dando aulas de percussão em várias comunidades e projetos sociais no RJ.


Um homem do mundo, estudou alemão, francês, música, artes manuais, artes clássica, ética e religiões e história. Viveu na Europa por 6 anos, onde abriu um o Restaurante e Casa Cultural Brasil Tropicália, na Dinamarca, em Copenhaguen, em 2010. Inquieto, por lá, promoveu intercâmbio na culinária brasileira, explorando com aulas de música, dança e capoeira, além de shows e com artistas Brasileiros como Serjão Lorosa, Aleh Ferreira, Bruno Barreto, Luiz Melodia, entre outros. Andrezão faz workshops por toda a Europa, onde continua o trabalho com pessoas portadoras de deficiência e aplicando a linha do Projeto Portadores do Ritmo. Pode parecer utópico e até pessoal, mas sua frente de trabalho hoje é uma realidade concreta.

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