terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Janeiro Branco: é preciso cuidar da mente


O impacto emocional da descoberta do câncer pode interferir na vida dos pacientes e familiares. Por isso, é necessário cuidar da saúde mental

O adoecer por câncer pode provocar um sofrimento físico, dor por exemplo, interferindo no cotidiano, na rotina do paciente. Soma-se a este o sofrimento emocional decorrente do “estar adoecido”, limitações físicas, e principalmente, pela estigmatização da doença “câncer”, impactando o emocional do paciente e das pessoas ao seu redor.

O “Janeiro Branco” surgiu em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, com o objetivo de alertar as pessoas a cuidarem da saúde mental. No tratamento oncológico, o cuidar da saúde mental é extremamente importante. “Sabemos que o câncer provoca um intenso impacto psicológico no paciente, porém infelizmente ainda é frequente as pessoas não considerarem importante expressar, falar sobre este impacto, sobre a mudança que o câncer provocou em suas vidas. É comum o foco ser apenas a doença, o tratamento oncológico (quimioterapia, radioterapia), com a pessoa encarando que precisa ser forte, tratar a doença e que não pode desabar”, afirma a psicóloga oncológica da Oncomed-BH, Francine Portela.

É comum também o paciente não querer expressar-se e não procurar ajuda de um psicólogo para não preocupar os familiares, como se aceitar o acompanhamento psicológico fosse dizer “não estou conseguindo, sou fraco, estou muito mal”. Esta atitude pode intensificar o sofrimento. É preciso desmistificar o fato de que falar, expressar seus sentimentos seja sinal de fraqueza”, acrescenta Francine Portela.

As mudanças do dia-a-dia, as visitas rotineiras à clínica, assim como os efeitos do tratamento (como a queda de cabelo, por exemplo) são fatores que provocam mudanças e adaptações. “Pode haver alterações no meio familiar, no cotidiano, no social e também no financeiro. Lidar e reorganizar esse novo momento da vida não é fácil. O psicólogo torna-se um parceiro, apoiando, auxiliando na compreensão das informações sobre o tratamento, no enfrentamento dessa nova fase, mas é preciso que o paciente esteja disposto a este apoio”, explica a psicóloga oncológica.

Raiva, insegurança, medo, negação são alguns dos sentimentos que podem surgir ao receber o diagnóstico e ao longo do tratamento, porém não existe regra, como afirma Francine Portela. “Não se pode prever o que o paciente sentirá, como enfrentará um diagnóstico de câncer. Contudo, é imprescindível acompanhar e cuidar da saúde mental neste momento, possibilitando um melhor enfrentamento ao tratamento, a adaptação a esta fase da vida. O acompanhamento psicológico pode propiciar especialmente uma revisão dos objetivos de vida, das prioridades, os sentidos que damos às coisas, resumindo uma ressignificação da vida”, diz.

E não é só o paciente que sofre nesse período, mas também as pessoas à sua volta, como família, amigos. “Os familiares, muitas vezes, vivenciam intenso sofrimento, seja por acompanharem o sofrimento do paciente como a dor, reações ao tratamento, seja pela readaptação de sua rotina, de seus planos de vida para acompanhar o paciente nas consultas e no tratamento”, complementa.

Mas é possível dar a volta por cima. A Dra. Francine Portela deu alguns conselhos que podem ajudar pacientes e famílias a adaptarem-se às novas mudanças.

- Um passo importante é aceitar ajuda. É importante contar com toda equipe para auxiliá-lo nas dúvidas, nas orientações e encaminhamentos necessários.

- Explique a situação para as crianças, elas percebem o que está acontecendo e também precisam adaptar-se as mudanças. Use termos simples, pergunte-as como estão se sentindo.

-Peça e aceite ajuda. Não é um sinal de fraqueza.

Apoio, acolhimento de família e amigos é essencial para ajudar no enfrentamento ao tratamento.

- Caso perceba dificuldade em adaptar-se às mudanças, esteja se sentindo triste ou ansioso peça ajuda a um profissional, converse com a equipe que lhe acompanha.

Sobre a Oncomed

A Oncomed-BH, clínica especializada na prevenção e no tratamento das doenças neoplásicas, foi fundada em 1994, em Belo Horizonte. Desde então, realiza um trabalho que envolve cuidados diferenciados e tratamento humanizado a todos os pacientes. São especialistas em oncologia, hematologia, nutrição, clínica da dor, psicologia e cardiologia, além de uma equipe de suporte que realiza um acompanhamento efetivo na prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças.

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