terça-feira, 25 de agosto de 2015

O Godofrêdo Rio, apresenta na quinta-feira, dia 27 de Agosto, o grupo Afrika Gumbe, com o show “Refrão Inquieto”



O grupo que teve origem na década de 80 e leva o nome de um ritmo e uma festa da Guiné Bissau, Afrika Gumbe, sobe ao palco do Godofrêdo Rio com o show “Refrão Inquieto”. No repertório, “Folha Seca de Didi”, “Biscoito Azeitado”, “Ela Sorria em Vê”, “A Lingua de Darcy”, “Okunrin Ti O Sisé”, “O Da Bi Pke Nkan Selé” (ioruba primeiro disco), entre outros.

Para esse show, os músicos são Marcelo Lobato – bateria e voz, Marcos Lobato – guitarra, teclado e voz, Pedro Leão – baixo, guitarra e voz, Mafram do Maracanã – percussão e voz e Cesar Lago no baixo.

Tudo começou quando Cheo, um engenheiro civil panamenho apaixonado por ritmos latinos, percussionista do então Afrika Obota (Africa mãe) que fazia a festa no D'Africa, viu Marcelo tocando vibrafone e teclado no Son Caribe, banda carioca de música latina que fazia o circuito de jazz nos anos 80; não titubeou, chamou Marcelo para tocar. A intenção de Cheo era profissionalizar e dar consistência musical a um novo Afrika. A coisa tomou figura. Marcelo, um talentoso arranjador e produtor, ao lado de Raul de Barros Junior (baixo), Eduardo Oliveira (guitarra) Humberto de Souza (percussão), e mais tarde, Chico Costa (sax tenor), poliu o talento da banda, particularmente, do cantor guineense Carlos Budjugu. Em 1988, com a entrada de Pedro Leão e Marcos Lobato, os três refizeram o time que empurrava outros trabalhos, como o de Fausto Fawcett .

Os afrikas fizeram muitos shows pelo circuito carioca, a saber, Circo Voador, onde animavam a domingueira junto de Paulo Moura e da Orquestra Tabajara, Sala de Cultura Laura Alvim, Café Teatro Mágico e outros. O trabalho seguiu até 92 quando Marcelo Lobato formou o Rappa, junto de Marcelo Yuka, Alexandre Menezes e Nelson Meirelles. Marcos e Pedro seguiram suas vidas, tocando e gravando com Fernanda Abreu, Gabriel Pensador, Fábio Fonseca, Lucas Santt'ana, Toni Platão, Pedro Luis e a Parede, Lenine e outros.

A banda continuou discreta, compondo e registrando suas ideias. O trabalho e a agenda exaustiva do Rappa não permitiam aos Lobatos maior fôlego. Com a resolução de um ano sabático do Rappa em 2010, eles aprontaram o inédito Meu Refrão Inquieto, primeiro de 2 álbuns do material acumulado. 12 músicas, agora cantadas em português. Os textos são de Marcos, musicados por Marcelo, com exceção da brilhante e luxuosa Sinais do Vento, de Pedro Leão.

As letras a respeito de pensamentos agridoces sobre o amor e a morte, provocações, descrições surrealistas, morais e sexuais, odes a heróis como Darcy Ribeiro e o botafoguense Didi, emolduradas pela psicodélica e fartura instrumental, juntam – se ao som tenebroso do russo theremin dos filmes sci-fi, as meditativas cítaras, tabla e tambura que lutam por espaço com vibra fones, guitarras africanas, banjos, teclados, slides, cavaquinhos, bandolins e percussões em mixagem brilhante.

O disco, masterizado em 2010 na Magic Master por Ricardo Garcia, conta com desenhos de Tarso Pizzorno e design de José Borges e Mário Proença. O trabalho denso; variado em timbres e polirritmias, agora cantado em português, mescla elementos de uma saudosa mpb transgressora e original, ritmos africanos como o afro-beat de Fela Kuti, o juju music do nigeriano Ebenezer Obey, o candombe uruguaio, a música indiana e persa, rock progressivo e a malandragem cariocas.

Um disco instigante, o novo trabalho do Afrika Gumbe representa uma Africa sem folclorismos.

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